[ENTREVISTA] Stan Lee: Entrevista para a Playboy [Parte III]

Antes tarde do que nunca! Ei-la, a terça parte da extensa entrevista do mestre à Playboy. Sem mais enrolação: apreciem!

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PLAYBOY: Qual atriz mais te impressionou nos filmes da Marvel?

LEE: Jéssica Alba foi a garota do Quarteto fantástico, certo? Ela foi incrível. Eu realmente gostei dela. Quem foi a garota em X-men com cabelo curto, muito bonita?

PLAYBOY: Halle Berry.

LEE: Garota amável. Falei com ela por um momento e realmente adorei a atuação dela.

PLAYBOY: De todas as mulheres do mundo dos quadrinhos, com quem você gostaria de ter tido um encontro?

LEE: Nunca pensei nisso. Veja, vou te contar algo que talvez você não saiba: elas são personagens fictícios.

PLAYBOY: Mas algumas são mais sexy que as outras.

LEE: Para mim, a mais sexy de todas foi a Mary Jane, do Homem-Aranha. Amei a ideia. O modo como escrevi, a Tia May sempre tentando fazer com que o Peter Parker se encontrasse com a sobrinha de sua vizinha. “Ela é uma garota tão boa. Acho que gostaria dela”. Bem, para um adolescente, ouvir que ela é uma boa garota era a coisa mais broxante do mundo. Peter evitava sempre se encontrar com ela. Um dia fiz o último painel para a história. Ele não poderia evitá-la mais. Ele disse, “Tudo bem, vou me encontrar com ela”. Ele abre a porta e há essa gostosa que diz a ele “Encare isso, tigrão. Você tirou a sorte grande”. Não sei porque não colocaram isso no filme. Eu amo toda essa ideia. “Encare isso, tigrão. Você tirou a sorte grande”. Ele vê essa garota gostosona, e estava esperando alguma entediante qualquer.

PLAYBOY: A galera da Marvel era tipo um Clube do Bolinha. Vocês devem ter se divertido por trás das criações, pensando em que personagens fariam sexo um com o outro e quem teria o maior pé frio.

LEE: Obviamente nós sempre falávamos sobre o Sr. Fantástico e como ele seria incrível para qualquer mulher, com a habilidade de se esticar da maneira que quisesse. Mas era só isso.

 PLAYBOY: Todos os personagens são muito coloridos e foram concebidos em tempos “coloridos”. Houve alguma droga psicodélica ou qualquer outro tipo de droga envolvida?

LEE: Não tenho conhecimento se algum dos artistas usou drogas. Ficaria chocado em saber que Kirby, por exemplo, estava usando drogas. Ou John Romita ou Gil Kane. Esses caras eram homens de família, trabalhadores e eles eram simplesmente talentosos assim. A maioria deles poderia ter sido grandes diretores de filmes. Quando um artista desenha um painel, ele tem várias opções. Ele pode fazer um close-up, uma tomada longa, uma panorâmica ou um ângulo estranho. E eles faziam esses decisões rapidamente, sob a pressão da deadline. Drogas? Acho que não teriam sobrevivido. Eles certamente nunca chegaram ao escritório com um ar diferente, parecendo um pouco viajados ou o que quer que seja. E eu definitivamente não usei drogas. Nunca usei e não sei nada sobre elas.

PLAYBOY: Você pelo menos tentou a maconha?

LEE: Não. Eu praticamente nunca fumei um cigarro. Eu comprava esses charutos fininhos porque você não precisa inalar. Eu apenas soprava, mas eventualmente tive que largar isso porque estavam fazendo furos em meus sweaters. As pessoas comentam o fato de eu ter chamado a personagem de Mary Jane, mas honestamente, eu não tinha ideia de que isso era um apelido para marijuana. Nunca entendi porque pessoas usam drogas. Elas viciam e podem te matar. Eu nunca precisei de algo para me impulsionar ou me fazer mais criativo, e não precisei delas para me ajudar com as garotas.

PLAYBOY: Há um curioso boato online que você e Mick Jagger iam a bares juntos para ver quem poderia pegar garotas mais rápido e que, geralmente, não era Mick Jagger.

LEE: Oh, isso não é verdade. Mas eu direi, uma mulher sairia com qualquer celebridade reconhecida mesmo que fosse a celebridade mais feia do mundo. Essa é a lei da fama. Eu me saí muito bem em meus dias. Eu tinha um Buick Phaeton conversível de quatro portas que eu usava para impressionar as garotas. Mas você não pode competir com estrelas do rock. Eu passei um tempo com o Aerosmith, Alice Cooper e com o Kiss. Gene Simmons colocou seu sangue em um pote de tinta para que pudéssemos dizer que os quadrinhos do Kiss que criamos foram impressos com seu sangue. Esse é o tipo de coisa que as garotas estão procurando.

PLAYBOY: Você foi casado com sua esposa, Joan, por quase 70 anos. Qual o segredo para um casamento duradouro?

LEE: Casar com a pessoa certa. Nós nos dávamos muito bem, mesmo os dois tendo fortes personalidades. Minha esposa, que adoro, é metade irlandesa e tem um temperamento muito forte. Lembro que há anos estávamos discutindo sobre algo e ela ficou nervosa. Ela disse “Vou te mostrar” e pegou a máquina de escrever portátil silenciosa Remington que usei para escrever O Quarteto Fantástico e o Homem-Aranha e todo o resto e jogou no chão. Ela se despedaçou em milhões de pedaços. Gosto de provocá-la e dizer “Joanie, se nós tivéssemos aquela máquina agora, você sabe por quanto poderíamos leiloá-la?”

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PLAYBOY: Você tem o Amazing Fantasy #15, a revista que o Homem-Aranha estreou, escondida em um cofre em algum lugar?

LEE: Não. Eu nunca colecionei. Naqueles dias não pensávamos nisso. Quando fazíamos essas revistas nunca pensamos que a arte ou o roteiro teriam qualquer valor. Nós estávamos em um pequeno escritório. As páginas originais eram muito grandes e grossas e uma revista tinha algo como 48 ou 64 páginas. Depois que eram impressos, a gráfica mandava toda a arte original e as provas coloridas de volta para nós e não tínhamos lugar para armazená-las. Nós demos tudo. Algum garoto vinha entregar sanduíches e dizíamos “Hey, menino, quando sair leve essas páginas e jogue em algum lugar”. Se algum desses caras tivesse a ideia de guardar alguma coisa, eles seriam homens de muita sorte agora.

PLAYBOY: Menos crianças leem quadrinhos hoje do que liam nos tempos áureos. Isso te deixa triste?

LEE: Eu não sabia que elas liam menos. Sério? Veja, não sou muito informado sobre o que está acontecendo. Eu só faço meu negócio. Mas não são só os quadrinhos. Tudo está mudando. Tudo está sendo feito em computadores ou iPhone ou iPad. Toda a linguagem está mudando. Palavras terminam abreviadas por causa das mensagens de texto.

PLAYBOY: Você tem algum conselho para donos de lojas de quadrinhos?

LEE: Se eu fosse dono de uma loja de quadrinhos estaria pensando em como posso entrar no negócio de quadrinhos eletrônicos, quadrinhos digitais ou algo do tipo. Não é só com os donos de lojas de quadrinhos que me preocupo. Eu estaria preocupado se eu tivesse uma livraria. Mas não sei. Sou antiquado. Espero que sempre exista uma revista em quadrinhos para crianças e adolescentes e adultos segurarem, porque nada substitui a experiência de virar aquelas páginas, ou cheirar as páginas. Mas sim, tudo está mudando. Em dez anos provavelmente não reconheceremos esse mundo. Graças a deus temos outras mídias. É o que mantém esses personagens vivos.

PLAYBOY: Vamos falar sobe Agentes da S.H.I.E.L.D., a nova série para TV. Está próxima de sua concepção original?

LEE: É algo engraçado, sobre a S.H.I.E.L.D.. Comecei isso porque havia um programa de TV popular na época, O Homem da U.N.C.L.E. e eu quis criar um grupo especial meu. Chamei-o de “Supreme Headquarters, International Espionage, Law-Enforcement Division”. Achei que era meio fofo. Deram à sigla um novo significado agora. Para mim a melhor parte da S.H.I.E.L.D. era Nick Fury, espero que possamos ver muito dele na série. Ele esteve em uma revista mais antiga que criei, “Sgt. Fury And his Howling Commandos”, e o quando o aposentei recebi tantas cartas perguntando aonde ele tinha parado, que eu o trouxe de volta como um coronel. Ele foi o filho da mãe mais durão que já criei e Kirby fez um ótimo trabalho com ele.

PLAYBOY: Muitas pessoas não sabem que seu irmão mais novo, Larry Lieber, ajudou a criar o Homem de Ferro e outros personagens. Como ele nunca foi mais aclamado?

LEE: Larry sempre foi um ótimo escritor e ótimo artista. Ele poderia fazer quase tudo o que eu lhe pedisse. Ele escreveu não só a primeira história do Homem de Ferro, mas também a do Thor. E ele ainda faz tirinhas de jornal diárias do Homem-Aranha. O único problema é que Larry pode ser um perfeccionista. Não é que ele seja mais rápido ou lento que os outros artistas, mas ele tem dificuldade em liberar seus desenhos a não ser que ele esteja 100% satisfeito com eles. Ele sempre trabalhou nas coisas mesmo depois de eu dizer que estavam perfeitas. Acho que isso fez todo o processo um pouco difícil para ele.

PLAYBOY: Qual o personagem da Marvel mais te surpreendeu, em termos de sucesso?

LEE: Provavelmente o Homem de Ferro. Mas muito desse sucesso é por causa do filme. Eu não sabia o que pensar quando Robert Downey Jr. Foi anunciado como O Homem de Ferro. Eu não conseguia imaginá-lo. Quando criei o personagem, eu meio que pensei em Howard Hughes, porque ele era um aventureiro, um inventor, um milionário naqueles dias, e ele era estranho. Para mim Downey não era um Super-Herói; ele era Chaplin. Mas no instante em que o vi eu disse “Ele é o Homem de Ferro”. Acho que ele foi a maior escolha de elenco de todas.

De todos os personagens que fiz, o Homem de Ferro é mais popular com as mulheres. Eu sei disso. Ele é um bilionário e ele é bonito e glamouroso, mas ele precisa de alguém para cuidar dele. Ele tem um coração fraco. “Ah, se eu pelo menos conhecesse um homem assim”. Nós temos mais cartas/e-mails de mulheres sobre essa revista do que sobre qualquer outra. E agora o filme fez dele o personagem mais popular depois do Homem-Aranha.

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