[TOP 10] As Dez Maiores Mudanças Sofridas Pelo Batman

AS MUDANÇAS DO CAVALEIRO DAS TREVAS

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(texto original de Chris Arrant, traduzido e adaptado por Rodrigo F. S. Souza)

Embora o Superman seja considerado o principal herói da DC Comics, o Batman é o verdadeiro pilar da empresa. Ao contrário da minguante popularidade do Homem de Aço, o Batman é continuamente a peça-chave do Universo DC – e a série Batman é uma das mais vendidas dos quadrinhos atualmente.

Mas o Batman não livrou-se de retcons, reformulações e reboots. Nos quadrinhos, na tv, e até mesmo nas animações, escritores, editores e equipes criativas revisaram a história diegética do Cavaleiro das Trevas para servir aos propósitos de suas histórias e fizeram mudanças consideráveis no herói. Algumas destas mudanças ocorreram tão cedo na história do personagem que acabaram ignoradas, enquanto outras ainda são lamentadas até hoje por alguns de seus fãs. No esquema geral das coisas você pode ficar surpreso em saber que os Novos 52 da DC falharam em provocar grandes mudanças no Batman; diferente de alguns de seus colegas super-heróis, a origem e as motivações do Batman continuaram praticamente intactas – com até mesmo algumas histórias pré-Novos 52 continuando nas séries Batman e Corporação Batman.

Listamos abaixo os ajustes mais surpreendentes e flagrantes que mudaram a vida de Bruce Wayne desde que nasceu em 1939.

SUA ORIGEM

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Você acha que conhece o Batman? Ninguém conhecia a verdade por trás do herói nos primeiros meses após sua estréia nos quadrinhos. Embora ele tenha estreado em Detective Comics #27 de 1939, sua origem foi revelada apenas em Detective Comics #33, numa história curta de duas páginas no início da edição. Até então, o Batman era apenas o alter ego de um playboy rico de Gotham que James Gordon achava “chato.”

Embora esta apresentação tardia à origem do personagem pudesse ser parte do plano para o personagem desde o início, para aqueles que liam sua série na época isto deve ser soado como uma revelação súbita, parecida com a origem humilde de Wolverine exposta na mini-série Origem.

BATMAN NÃO USA ARMAS

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Batman #1 de 1940 foi uma edição essencial para o personagem e o marcou por muitos anos. O motivo mais óbvio é que esta foi a primeira edição de uma série entitulada Batman, mas ela também serviu para introduzir dois de seus personagens mais populares – o Coringa e a Mulher-Gato. Mas com estas três adições houve uma subtração importante que muitos fãs do Batman ignoram: a DC tomou suas armas.

Até esta época o Batman usava armas com competência e abundância para matar inimigos e ameaçar quem quer que não estivesse do seu lado. Segundo Les Daniel em seu livro Batman: The Complete History, no final de 1939 o então diretor editorial Whitney Ellsworth vetou Bob Kane de retratar o Batman usando armas para matar pessoas, algo que tornou-se um decreto em todas as histórias do Batman. Houveram raras ocasiões em que o Batman usou uma arma, mas no geral este decreto editoral tornou-se uma faceta do personagem, que condena o uso de armas devido à morte de seus pais por uma. Esta faceta já foi usada a favor e contra o Batman, geralmente relacionando-a com sua relutância de matar vilões e também forçando seus limites e levando-o a considerar o uso de uma arma apesar de sua bem estabelecida aversão a isto.

CHEGA O ROBIN

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Do elenco de super-heróis que a DC estava construindo no final dos anos 1930, o Batman era inegavelmente o mais sombrio – e algumas vezes é preciso acender uma luz para equilibrar as coisas. Em Detective Comics #38 de 1940, Bob Kane e Bill Finger criaram um parceiro com o Watson de Sherlock Holmes em mente, porém mais juvenil: Robin, o colorido herói adolescente. Visualmente baseado nas ilustrações de Robin Hood feitas por N.C. Wyeth, o Robin foi criado como um contraponto para o Batman, além de servir ao Cavaleiro das Trevas como um confidente e um meio do Batman expôr seus pensamentos sem o uso de monólogos internos.

De início a introdução de um personagem coadjuvante como o Robin pode não parecer uma mudança dramática para o Batman, mas isto abriu as portas para muitos tipos de histórias serem contadas – além do Batman ter assumido o papel de figura paterna e um adulto respeitado por seus jovens aliados. Imagine como a introdução de um parceiro mirim para o Wolverine em seu primeiro ano o alteraria, ou como a ausência do Robin poderia ter colorido – ou obscurecido – suas aventuras, especialmente na série do Batman dos anos 1960 até os dias de hoje, quando já existiram vários Robins.

A FICÇÃO CIENTÍFICA DA ERA DE PRATA

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Depois da crescente onda de vendas dos quadrinhos durante a 2ª Guerra Mundial, o gênero super-herói sofreu uma queda severa que varreu do mapa muitos heróis – com exceção do Batman. Com o interesse pelos super-heróis minguando nos anos 1950 e as histórias de crime entrando na lista negra graças a Fredric Wertham e o advento do Comics Code Authority, a DC afastou o Batman e vários de seus outros títulos do gênero noir/crime, pelos quais ficaram conhecidos, inserindo neles elementos de ficção científica. Novos personagens que romperam as barreiras da realidade como Ace o Bat-Cão e o Bat-Mirim foram introduzidos, e assim como o Superman, o Batman teve inúmeros encontros com aliens, dimensões alternativas, e muito mais.

Décadas antes de Chris Claremont e John Byrne redefinirem histórias de viagens no tempo envolvendo super-heróis no arco Dias de Um Futuro Esquecido em Uncanny X-Men, a história O Batman do Amanhã mostrou um Batman do futuro voltando no tempo para ajudar sua contraparte da década de 1950 e ainda tirou um tempo pra “dar uns pega” em Vick Vale, sua namorada na época.

E também teve o Bat-Mirim.

BIFF! POW! BATMAN

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Pensar na DC matando a franquia Batman parece papo de maluco, mas de acordo com seu co-criador, Bob Kane, é nisto que ela estava pensando em 1964. Como um último esforço para ressuscitar o Cavaleiro das Trevas, a DC entregou os bat-títulos para o editor Julius Schwartz, após seu sucesso em relançar o Flash e o Lanterna Verde. Os planos de Schwartz foram muito drásticos – livrar-se dos conceitos voltados para crianças, como Ace o Bat-Cão e o Bat-Mirim, e realizar algo contemporâneo ao redesenhar o uniforme e o Batmóvel com Carmine Infantino. Schwartz não deixou de cometer erros, como matar o Alfred e substitui-lo por uma parente desconhecida de Wayne, chamada Tia Harriet.

Dois anos depois a ABC lançou a carinhosamente relembrada série de tv Batman, que coloriu dramaticamente o personagem e seu elenco, foi assistida pelos leitores de quadrinhos, e firmou a grande mudança que Schwartz começou. O ator Adam West e seus colegas perpetuaram um Batman mais exagerado e sociável que inclinava-se mais pra o aspecto cômico de um herói dos quadrinhos do que para as raízes mais sombrias de sua origem. O desenfreado sucesso da série de tv do Batman levou os quadrinhos a se tornarem ainda mais exagerados, o que acabou gerando problemas quando a série televisiva foi cancelada em 1968.

O’NEIL & ADAMS LEVAM O CAVALEIRO DE VOLTA PARA AS TREVAS

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O sucesso da série de TV Batman (1966-1968) fez o personagem e seu elenco conquistar os corações e lares do público em geral como os quadrinhos jamais conseguiram. Mas com o cancelamento da série, os quadrinhos – que também entraram na onda de exagero da série – sofreram queda nas vendas. Em 1969 o artista Neal Adams e o escritor Dennis O’Neil buscaram nos primeiros anos dos quadrinhos do Batman o que seria seu futuro. Saiu a estética colorida, e entraram os pretos, azuis e púrpuras quando O’Neil e Adams estrearam sua nova abordagem em Detective Comics #395 de 1970. Sob seus cuidados e os de seus sucessores, Bruce Wayne era uma figura sombria e meditativa, o oposto do Superman, o super-herói americano. Embora ambos fossem heróis, neste período as histórias do Batman tendiam mais para o vigilantismo urbano.

A abordagem de O’Neil e Adams foi bem recebida pelos fãs, e a peça que faltava neste quebra-cabeças apareceu em 1973 quando a dupla reviveu o então raramente usado vilão da galeria de inimigos do Cavaleiro das Trevas: o Coringa. Apesar do destaque ganho na série de TV dos anos 1960, em essência o Coringa era uma sombra de quem ele se tornaria. Em Batman #251 ele retornou aos quadrinhos após um sumiço de quatro anos, e de um inimigo engraçadinho não-ameaçador ele tornou-se um maníaco homicida, um reflexo distorcido do Batman. Os fãs adoraram este novo Coringa, levando a DC a lançar uma raramente feita série solo de um vilão, em 1975. Devido a restrições impostas à DC pelo Comics Code Authority, eles não lucraram muito com ela, que acabou após nove edições.

ZERO HORA

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Após o sucesso da Crise nas Infinitas Terras, de 1985, em reconciliar os universos paralelos da DC, a editora achou que era hora de uma segunda rodada de limpeza; desta vez com suas linhas temporais, na minissérie-evento Zero Hora. A trama da mini poderia preencher um artigo inteiro, mas o importante aqui é saber que o Batman sofreu duas alterações em seu passado como consequência da saga.

O primeiro e mais memorável foi que o assassinato dos pais de Bruce Wayne não foi cometido por Joe Chill; na verdade seu assassino jamais foi capturado. Ao mesmo tempo que abriu uma porta para alimentar a eterna busca de Batman como um combatente do crime, esta mudança também mexeu no alicerce da origem do herói, algo que ainda incomoda seus fãs antigos. Desde então a DC mudou de ideia algumas vezes sobre nomear ou não o assassino dos Wayne, e nos Novos 52 Joe Chill voltou a assumir o papel, com um Bruce de 18 anos de idade encontrando o criminoso e por fim poupando sua vida.

A segunda mudança radical saída da Zero Hora foi a dissolução do conhecimento que Gotham City e o mundo do Universo DC tinha sobre o Batman. Até antes da saga o Batman era conhecido pelo mundo todo – chegando a ser um membro honorário do Departamento de Polícia de Gotham. Depois de Zero Hora o Batman passou a ser visto como uma lenda urbana pelo resto do mundo e a ter um relacionamento mais complicado com as autoridades.

A(S) MORTE(S) DO(S) ROBIN(S)

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Na continuidade pré-Novos 52 da DC existiram cinco indivíduos que usaram o manto do Robin, o parceiro do Batman. E sendo aliados mais jovens de um combatente do crime muito competente, os Robins são frequentemente postos em perigo, tornando-se reféns para o Batman salvar. Mas não importa quão bom o Batman seja, nem sempre ele consegue salvar o dia. Em A Morte em Família, de 1988, o segundo Robin – Jason Todd – foi espancado até a morte pelo Coringa. Em 2004, a breve carreira de Stephanie Brown como Ronin terminou quando ela foi despojada do título e morta pelo Máscara Negra na saga Jogos de Guerra. Mas a morte mais recente – e sem dúvida a mais importante – foi a de Damian Wayne, filho do Batman, o último Robin, em Batman, Incorporated #8 (prevista para sair agora em novembro no Brasil em Corporação Batman – Volume 4, pela Panini Comics).

Em todos os casos os Robins foram aceitos pelo Batman como um membro da família, e devido à perda de seus pais quando jovem, o herói sente a morte destas crianças de uma maneira mais radical do que em circunstâncias normais. A introdução do Robin trouxe uma luz mais juvenil e exuberante para dentro da mitologia do Batman, por isto a ideia de tomar isto dele pode perfeitamente torná-lo mais sombrio do que ele era antes de ter um Robin ao seu lado.

A QUEDA DO MORCEGO

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O começo dos anos 1990 foi uma era de grandes mudanças para a indústria dos quadrinhos; os fãs testemunharam a revolta dos melhores artistas da Marvel para começarem uma nova companhia [a Image Comics]; a morte do Superman, o maior herói dos quadrinhos; e por fim Batman sendo literalmente quebrado. Embora a história em torno da aparente morte do Batman viesse alguns anos depois, a fratura na coluna que encerrou a carreira do Batman, causada por um novo vilão, mudou o personagem de várias maneiras, com Wayne sendo forçado a desistir de ser o Batman e ficar pra escanteio enquanto outros lutavam no seu lugar.

Tudo começou em 1993 com a introdução do vilão regado a esteróides Bane, que só queria apanhar o Batman. E Wayne, à beira do esgotamento, foi pego por Bane e tornou-se um paraplégico no chão da Batcaverna. Com Bane à solta no submundo de Gotham, Wayne escolheu um herói relativamente desconhecido chamado Azrael para assumir seu lugar – indo contra o conselho de Tim Drake que sugeriu que Dick Grayson assumisse o manto. Azrael assumiu a capa e o capuz do Batman, mas no fim falhou em levar adiante o legado de Bruce Wayne. Meses depois de seu afastamento, Wayne finalmente voltou após uma fatigante reabilitação e enfrentou o novo Batman para retomar seu manto.

Embora o arco de um ano de duração seja considerado por alguns como muito enrolado, analisando-o em retrospecto há elementos fundamentais usados na construção do papel da Mansão Wayne, que ela continua exercendo em histórias atuais – se não fisicamente, pelo menos temática e emocionalmente.

A ASCENSÃO DE FRANK MILLER

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Para a maioria dos personagens seus criadores são uma parte importante de sua história. Embora as contribuições de Bob Kane e Bill Finger para a mitologia do Batman não possam ser diminuídas, muitos consideram o trabalho de Frank Miller nos anos 1980 algo que mudou fundamentalmente a maneira de imaginar o Batman.

Começando com Batman – O Cavaleiro das Trevas, de 1986, e continuando em Batman – Ano Um dois anos depois, o escritor/desenhista Frank Miller pegou as ideias de todos que trabalharam com o herói antes dele e as fundiu até sua essência. Na primeira, Miller mostrou um Batman 30 anos mais velho, um grisalho e envelhecido Bruce Wayne e destacou o que tornava o herói um personagem excelente tanto nos quadrinhos como na ficção. Ao mesmo tempo, Dennis O’Neil, logo após tornar-se editor do Batman, incumbiu Miller de começar uma nova era do Cavaleiro das Trevas na continuidade principal da DC, com a ousada reformulação apresentada no arco Ano Um da série Batman.

Juntos, estes dois trabalhos de Miller serviram como bíblias para a maioria das adaptações do Batman para a tv e cinema. O diretor Christopher Nolan apontou especificamente estes dois trabalhos como influências de sua trilogia, e a atual série de games Arkham deve muito ao que Miller criou nos anos 1980. E pensando no futuro, a sequência de Homem de Aço, que colocará o Superman contra o Batman em 2015, parece inspirar-se diretamente do embate dos dois heróis visto nas páginas finais de O Cavaleiro das Trevas. O diretor Zack Snyder até pediu para um de seus atores citar um parágrafo de um diálogo da minissérie original quando anunciou o filme Batman vs. Superman na Comic-Con de 2013.

Fonte: http://www.newsarama.com

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