[QUADRINHOS] A Morte de Wolverine #1: o canto do cisne do “carcaju” canadense

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E começou! 40 anos depois de sua primeira aparição em Incredible Hulk #180, Wolverine, o herói mutante mais popular da Marvel, iniciou sua jornada rumo ao seu prenunciado fim!

Antes de falar da primeira edição de Death of Wolverine, sejamos sinceros: nosso querido baixinho invocado com garras de adamantium e fator de cura já estava precisando “descansar em paz.”

Sua onipresença nas HQs da Marvel chegou a tal ponto em dado momento da última década que ele estava fazendo parte de três grupos (Vingadores, X-Men e X-Force), além de ter sua série solo, e fazer participações especiais em séries de outros heróis da editora. O que acabou rendendo esta tira escrita por Jason Aaron e desenhada por Adam Kubert, resumindo uma semana “normal” na vida do herói:

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O uso e abuso do personagem por parte da editora, levou à decisão de “cortar as asinhas” do velho Logan em 2013, quando ele perdeu seu conveniente fator de cura, que o ajudava a sobreviver a qualquer tipo de ferimento, além de desacelerar seu envelhecimento.

De lá pra cá o herói teve uma fase um tanto insossa, na minha opinião, escrita por Paul Cornell, que não terminei de ler, até a Marvel contratar Charles Soule pra dar um fim à carreira heroica de Wolverine, ao lado do desenhista Steve McNiven.

death-of-wolverine-1-page-1Felizmente, ao contrário da fase atual da série solo do herói, o trabalho da dupla criativa da minissérie vai direto ao ponto, e o faz respeitando e explorando as melhores características de Logan. A história já começa com uma sequência que dá o tom do que esperar da trama: um clima misto de despedida e fadiga, contrabalançado com cenas viscerais e violentas de confrontos físicos.

Desde o início fica bem claro que os últimos dias de Wolverine não serão nem um pouco tranquilos, pois sua cabeça foi posta a prêmio, e várias organizações criminosas do mundo inteiro estão atrás dele. A notícia de que ele não possui mais seu fator de cura espalhou-se, o que complica ainda mais a vida do herói mutante.

Death-of-Wolverine-1-Preview-3-in-colorAté recentemente ele era o diretor da Escola Jean Grey Para Estudos Avançados, especializada em ajudar jovens mutantes a aprenderem a usar seus poderes, cargo que ele passou para as mãos de sua colega dos X-Men, e atual amante, Tempestade. Sabendo do risco que sua presença representava pra seus amigos e alunos, ele decidiu afastar-se de todos. Por isto o primeiro capítulo também começa com uma atmosfera trágica de solidão. Uma sensação de que falta pouco para tudo terminar, o que os desenhos de McNiven conseguem transmitir muito bem, através de toda ambientação e linguagem corporal e facial.

Claro que não seria uma história de Wolverine se ela continuasse com esse ar contemplativo e reflexivo até o fim, por isto logo somos apresentados ao primeiro dos muitos antagonistas que prometem atormentar o herói nas 4 edições da minissérie: Nuke, um cyborg maluco com a bandeira dos Estados Unidos tatuada em seu rosto.

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Apesar de não ser mencionado na história, a escolha do vilão é significativa, pois ele foi uma das cobaias humanas usadas no projeto Weapon Plus, financiado pelos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, cujo objetivo era criar armas humanas para combater o crescimento da população mutante na década de ’40. Entre as mais conhecidas armas humanas criadas pelo projeto estão o Capitão América, que foi a Arma I, e Wolverine, que foi a Arma X, que acabou batizando o ramo canadense do projeto original, o qual tornou-se independente, fazendo experimentos com outros indivíduos, como Dentes de Sabre, o arqui-inimigo de Logan, e Deadpool, um dos rejeitados pelo projeto. Nuke foi a Arma VII. Aliás, cabe aqui uma curiosidade a respeito do Weapon Plus: Grant Morrison, idealizador do conceito, deixou pistas de que We3, trabalho que fez para o selo Vertigo da DC com Frank Quitely, é estrelado pelos animais que foram usados como cobaias na fase Arma II do projeto. A edição de New X-Men que introduziu o conceito foi lançada na mesma época em que o autor desenvolvia We3.

death-of-wolverine-1-logan-and-reed-chatingAntes do confronto com Nuke, Logan faz uma consulta com o Reed Richards, do Quarteto Fantástico, sendo ele o último dos maiores cientistas do universo Marvel que o mutante consulta em busca de uma solução para recuperar seu fator de cura. É uma conversa bem escrita, que leva em conta toda a pseudo-ciência por trás do funcionamento do organismo de Logan, e demonstra que Soule fez o dever de casa, e pesquisou bem o suficiente pra dar um embasamento legal pro diálogo.

Mas o que realmente importa é acompanhar os últimos passos de Wolverine, já que a minissérie não esconde o objetivo dela. O que Soule deixa bem claro na metade final desta primeira edição é que o baixinho vai dar trabalho pra quem quer que fará as honras de matá-lo. Toda construção do cenário pro confronto entre Logan e Nuke é digna de figurar entre os melhores momentos do herói nos quadrinhos, assim como a luta em si.

Pra quem é fã de Wolverine, e espera que sua última história fique à altura da fama que o personagem ganhou com o passar dos anos, provavelmente apreciará este começo, que mantém um ótimo nível, tanto no que diz respeito à história quanto no quesito artístico.

Além disto, a primeira edição trás como extras comentários de Steve McNiven a respeito da criação da arte da capa e de algumas páginas, incluindo artes descartadas; uma entrevista com Len Wein, co-criador de Wolverine; e o roteiro completo da edição, acompanhado de reproduções das três principais etapas de criação de todas páginas (lápis, arte-final e cores). Tudo isto faz com que a edição mereça uma conferida.

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DEATH OF WOLVERINE #1

Roteiro de Charles Soule, desenhos de Steve McNiven, arte-final de Jay Leisten, cores de Justin Ponsor

Nota: 9,0

Capas variantes da edição:

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