Depois de Flex Mentallo, Liga da Justiça: Terra Um, Novos X-Men, Grandes Astros Superman, We3 e Batman e Robin, sempre que Grant Morrison e Frank Quitely fazem um trabalho juntos, o mesmo torna-se um verdadeiro acontecimento no mundo dos quadrinhos. Esta semana não foi diferente, com o lançamento de The Multiversity: Pax Americana.
Parte releitura de Watchmen, parte exploração das possibilidades narrativas dos quadrinhos, Pax Americana é, ao mesmo tempo, tudo aquilo que esperamos da dupla criativa, e mais um avanço da 9ª arte.
Aliás, semelhante a seus trabalhos anteriores, a dupla desta vez tornou-se um trio, com a participação essencial de Nathan Fairbairn, cujas cores fizeram as texturas do traço detalhista de Quitely ainda mais palpáveis e impactantes, e mais clara a transição entre diversas linhas temporais numa só página, como é o caso da que retrata a investigação de uma cena do crime, um dos muitos feitos narrativos desta edição única.
Abaixo você pode ver as várias etapas de criação de algumas das páginas de Pax Americana, partindo do lápis de Quitely para a arte-final do artista, seguida das cores finais de Fairbairn e dos balões e letras de Rob Leigh. Ainda que seja uma desconstrução do processo criativo, ela não deixa de ser tão fascinante quanto a desconstrução do gênero “super-heróis” realizada pela equipe criativa da edição, que é tão pungente quanto a realizada por Alan Moore e Dave Gibbons há quase 30 anos atrás.
Abaixo todas as etapas da colorização de Nathan Fairbairn, seguidas de notas do colorista:
1º passo: ler o roteiro de Grant e dar uma olhada na arte de Frank
Depois de chorar num canto por alguns minutos, eu me recomponho e entro de cabeça.
2º passo: buscar referências
Às vezes esse passo ajuda muito, em outras pouco, mas é sempre bom fazê-lo.
Daí adiciono as cores chapadas.
Nada muito impressionante aqui. Apenas uma abordagem bastante realista com tudo em blocos de cores locais. Por pouco tempo eu cheguei a pensar em pintar os quadrinhos onde a cabeça de Harley é destruída com paletas expressionistas como amarelos chocantes, alaranjados quentes, e vermelhos tétricos, mas logo achei que seria a abordagem errada. Interpretei que queríamos que estas três páginas iniciais chocassem o leitor. Queríamos hiper-realismo e hiper-detalhismo. Queríamos que ela fosse como um documentário de vida natural, onde vemos uma onça rasgando a garganta de uma gazela em super câmera-lenta. E de trás pra frente.
3º passo: projetar sombras
Projetar sombras de um objeto em outro é um saco e odeio fazer isto.
Eventualmente pedi a ajuda de Frank pra fazer isto por mim quando não podia fazer do jeito certo.
A sombra desta página era particularmente importante. Frank me disse que ele queria que a bandeira da paz projetasse a sombra de uma máscara no rosto de Harley, que, simbolicamente, é tão brilhante que me deu vontade de voar até Glasgow pra abraçar o cara.
4º passo: pintar a porra toda
Nesta altura, todas estas cores estão numa camada abaixo das linhas dos desenhos. O último passo depois deste é colorir as próprias linhas (isto é chamado de “colorir o contorno”), e pintar efeitos de luz sobre tudo.
5º passo: contornos e brilhos
Algumas vezes, neste passo, eu percebo que Frank esqueceu de desenhar alguma coisa (como o anel que Harley usava no 1º quadro), daí eu a desenho pra ele.
achei bem fraca essa historia do morrison
Hq Foda!