[QUADRINHOS] Multiversity: Quando Grant Morrison explodirá nossas mentes

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E chegou a hora de sabermos mais detalhes a respeito do evento Multiversity, saído da mente de Grant Morrison, que participou do painel sobre o evento que rolou na Comic Con.

Com ele estiveram o desenhista Cameron Stewart e o editor Eddie Berganza.

Morrison começou brincando que ele nem era ele mesmo, mas uma versão má do Grant da Terra-3.

Esboço da capa de The Multiversity #1 feito por Grant Morrison

Esboço da capa de The Multiversity #1 feito por Grant Morrison

Depois, ainda brincando, disse que desde 2006, quando começou a trabalhar em Multiversity, ele “já viu a ascensão e queda de dinastias,” e que está desenvolvendo a história desde o final da série semanal 52, publicada pela DC no mesmo ano.

Depois explicou algo que já disse em entrevistas anteriores sobre Multiversity, que uma das ideias básicas é que, se acontecesse uma grande ameaça que começasse a devastar o Multiverso inteiro, “uma das formas de nos comunicarmos sobre isto seria escrevendo quadrinhos a respeito [da ameaça]. Então vocês verão em cada edição [pessoas] lendo quadrinhos sobre aventuras de outros mundos. E nosso mundo real também existe [no Multiverso] – é a Terra-33, que costumava ser conhecida como Terra-Prime. Também gosto do Multiverso ser baseado em vibração – vibração é música! Muitas pessoas não entenderam que o Superman basicamente matou Darkseid cantando no final de Crise Final. Todo o Universo DC é uma peça de música, e é todo contido numa Oitava e numa estrutura de oitos.” E disse que essa ideia partiu da primeira história da DC envolvendo o Multiverso, “Flash de Dois Mundos,” que mostrou o primeiro encontro do Flash da Era de PrataBarry Allen, com o da Era de Ouro, Jay Garrick, que inspirou o primeiro a tornar-se o Flash após Allen ler um quadrinho sobre Garrick (que depois passou a usar o codinome Joel Ciclone), sendo esta a metaficção que inspirou um dos conceitos que percorrerá Multiversity do início ao fim.

Depois Morrison recapitulou sua versão pessoal da origem do Multiverso DC, onde o Monitor original de Crise nas Infinitas Terras sofreu mutações ao dividir-se em mais Monitores a fim de espalhar-se pelo Multiverso e continuar observando os mundos que o compunha, e assim evoluiu, até tornar-se “uma consciência gigante maior que qualquer coisa observando o Universo DC” que ele “adora estudar, mas do qual também tem um pouco de medo.” Esta seria, segundo o autor, a força que fica do lado de fora dos mundos que compõem o Multiverso.

Nix Uotan numa cena de Multiversity #1 (desenho de Ivan Reis)

Nix Uotan numa cena de The Multiversity #1 (desenho de Ivan Reis)

O ponto de partida de Multiversity será Nix Uotan – o último dos Monitores remanescentes da saga Crise Final – que em The Multiversity #1 partirá, Morrison brincou, “viajando pelo Multiverso num submarino amarelo,” em busca de ajuda para impedir uma ameaça aos mundos que fazem parte dele. Daí em diante Multiversity se dividirá em histórias fechadas focadas em um mundo por edição, que serão amarradas em The Multiversity #2 – numa estrutura semelhante à usada por Morrison em Sete Soldados da Vitória (composta de uma edição 1 que abria a história principal, 7 minisséries de 4 edições, e uma edição 2 que amarrava todas elas).

Com a partida dos Monitores na conclusão de Crise Final, segundo Morrison, “nos tornamos mais vulneráveis a coisas vindas do além.”

Capa de Multiversity #1 (arte de Ivan Reis)

Capa de The Multiversity #1 (arte de Ivan Reis)

Morrison elogiou o artista Ivan Reis que, juntamente com o arte-finalista Joe Prado, cuidou da arte da primeira edição de Multiversity. Segundo o autor, Reis tem um estilo que ele acha muito parecido com o de alguns de seus artistas favoritos da DC, e citou Neal Adams entre eles.

Capa de The Multiversity: The Society of Superheroes (arte de Chris Sprouse)

Capa de The Multiversity: The Society of Superheroes (arte de Chris Sprouse)

Morrison ainda falou que foi muito divertido trabalhar em Multiversity nos últimos anos, e agora integrá-lo aos Novos 52.

E podemos esperar muitas quebras da quarta parede em Multiversity, pois Morrison disse que desenvolveu através dela uma “técnica de indução hipnótica pra realmente ferrar com as pessoas”, e que ela “tem efeitos mentais e psíquicos” que ele acha “muito bizarros.”

O primeiro mundo que será explorado em Multiversity, no livro 2, será o da Sociedade de Super-Heróis, onde os heróis acabaram de sair do correspondente à Segunda Guerra Mundial em pleno ano de 2014. Morrison disse que terá “muitas lutas contra zumbis”, incluindo ataques de “zumbis paraquedistas” (!). A trama se passará na Terra-20, onde Abin Sur será o Lanterna Verde, e se unirá à Lady Blackhawk e ao Senhor Destino. A história terá arte de Chris Sprouse.

Abaixo character designs feitos por Grant Morrison e Chris Sprouse para The Society of Superheroes:

Capa de The Multiversity: The Just (arte de Ben Oliver)

Capa de The Multiversity: The Just (arte de Ben Oliver)

O terceiro livro, The Just, será focado na Terra-14.  Neste mundo “Batman e Superman já terão resolvido todos os problemas da Terra,” deixando seus filhos superpoderosos num mundo em que eles não têm realmente nada pra fazer. O Arqueiro Verde deste mundo, Conner Hawke, está tentando impedir sua filha de se envolver com o mundo dos super-heróis, segundo Morrison, que ainda falou que quanto mais ele vê a arte de Ben Oliver para The Just mais ele se diverte.

Ainda disse que no mundo de The Just, o Átomo chegou aos 18 anos e nunca mais cresceu. Alexis, filha de Lex Luthor, está tendo um caso com Batman Jr. – que é Damian Wayne adulto. E o Luthor da Terra-14 matou o Superman, o que deixou o Superman Jr. bem puto com o relacionamento de Damian e a filha do vilão. Disse ainda que o Offspring, filho do Homem-Borracha, criado por Mark Waid e Frank Quitely num tie-in de O Reino, continuação de Reino do Amanhã que fizeram na década de ’90, também estará na história. E falou que Donna Troy, Kyle Rayner e Wally West também aparecerão na história.

Character designs feitos por Ben Oliver para The Just:

Capa de The Multiversity: Pax Americana (arte de Frank Quitely)

Capa de The Multiversity: Pax Americana (arte de Frank Quitely)

Depois Morrison falou de Pax Americana, que segundo o autor partiu da premissa de pegar os personagens da Charlton Comics – cujos direitos foram comprados pela DC, e que serviram de referência para Alan Moore e Dave Gibbons criarem Watchmen – e jogá-los na era moderna. Disse que não será uma história parecida com Watchmen, mas uma forma de pegar as técnicas narrativas usadas por Moore e Gibbons e reinventá-las. E citou como exemplo o fato da história começar com o símbolo da paz em chamas no lugar da cara sorridente com uma gota de sangue do Comediante, e que, semelhante às edições de Watchmen, a capa servirá como primeira página da história. A trama gira em torno do Pacificador, que assassina o presidente dos Estados Unidos logo no início da história, que ele descreveu como uma “peça política, cósmica e filosófica” que será contada de trás pra frente, com desenhos de Frank Quitely.

Uma das formas de usar uma estrutura parecida com a de Watchmen, mas reinventá-la, foi fazer páginas de oito painéis, no lugar dos 9 usados na obra de Moore e Gibbons (o que, se você estiver realmente prestando atenção neste texto, combina com toda a estrutura de oitavas que Morrison concebeu para o Multiverso). Veja exemplos disto abaixo, nas páginas esboçadas (e algumas já arte-finalizadas) por Frank Quitely:

Capa de The Multiversity: Thunderworld (arte de Cameron Stewart)

Capa de The Multiversity: Thunderworld (arte de Cameron Stewart)

A edição 5 será a do Thunderworld (Mundo do Trovão), focada nos personagens ligados a Shazam (antigo Capitão Marvel da DC) que vivem na Terra-5. Cameron Stewart, desenhista da história, disse o seguinte sobre ela: “Grant a descreveu pra mim como a ‘Grandes Astros Superman‘ do Shazam/Capitão Marvel.”

O Dr. Silvana e a família Silvana serão os vilões da história, sobre o qual Morrison comentou que é engraçado como ele “é casado com a mulher mais bonita da galáxia e nada é o bastante pra ele,” e explicou que na trama o vilão “rastreia o relâmpago mágico até sua fonte” e “decide criar uma versão tecnológica da Pedra da Eternidade” fazendo engenharia reversa na magia (!!).

Sobre o processo criativo de Multiversity, Morrison brincou dizendo que, enquanto Stewart terminou sua edição há um ano atrás, “Frank Quitely está trabalhando na dele há 2 anos e meio e ainda não terminou.”

Já Stewart revelou que não sabe “quase nada sobre a história maior” e que por isto “está empolgado pra lê-la,” dizendo que “esta é a parte divertida de trabalhar com Grant, ele não te conta nada!”

Abaixo alguns character designs de Grant Morrison e Cameron Stewart para Thunderworld:

Morrison disse que Multiversity terá também um livro guia que definirá cada um dos 52 mundos, com todos os personagens que vivem em cada um deles, e que ele achou “que devia isto [a nós] depois desse tempo todo.”

A Terra-6 será o Universo “Imagine” de Stan Lee – criado uns anos atrás em uma iniciativa da DC Comics, que contratou o veterano da Marvel para recriar os principais personagens da DC no seu estilo – que no Mapa do Multiverso (veja abaixo) está numa posição exatamente oposta à do universo de Jack Kirby (Terra-51).  E Morrison disse que deixou “sete mundos desconhecidos” para serem desvendados por outros criadores em trabalhos futuros, e assim completarem o mapa que ele elaborou.

Versão detalhada do Mapa do Multiverso:

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O livro guia de Multiversity também incluirá as revisões do Universo DC ocorridas em Ponto de Ignição e outras sagas anteriores, que serão mencionadas por ele, onde “todas as histórias se tornam verdadeiras.” Também explicou que vários dos mundos são provenientes de Elseworlds (mundos alternativos, que aqui no Brasil são mais conhecidos como Túnel do Tempo, graças às publicações destas histórias pela Abril Jovem). Citou como exemplo os Cavaleiros da Justiça (Justice Riders), que ele reimaginou como parte dos personagens ligados ao velho oeste da DC, com Johnny Thunder sendo um Shazam e Tomahawk sendo o Tomahawkman, fazendo deles super-heróis que “montam cavalos steampunk,” e disse ainda que não há nada especificamente pré-Novos 52, mas que muitas histórias do livro farão menção a quadrinhos deste período pré-reboot.

Morrison também falou que em Multiversity não veremos versões do Homem-Animal – personagem cuja fase escrita pelo autor o tornou conhecido nos Estados Unidos – nem a equipe de Supermen vista em Crise Final, mas em compensação haverá versões do Batman que apareceram pouco em velhas histórias da década de ’70, e prometeu que no final de Multiversity encontraremos uma “Equipe Multiversal,” liderada pelo Presidente Superman (Calvin Ellis) e o Capitão Cenoura, que terá apenas um cara branco como integrante (que pode ser visto na capa de Multiversity #1).

Agora é aguardar agosto, quando essa jornada cósmica terá início, e mudará nossas mentes para sempre. Ansiosos? Eu estou! 🙂

Fontes: Newsarama e CBR.

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