[CINEMA] Dissecando o Coringa de Jared Leto

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Ontem à noite finalmente foi revelado o visual do Coringa interpretado por Jared Leto que aparecerá no filme Esquadrão Suicida. A imagem já viralizou na internet, obviamente. Mas agora que a poeira da revelação está abaixando, que tal analisarmos todas as referências a encarnações anteriores do vilão presentes na foto?

Russ Burlingame, redator do site ComicBook, fez uma ótima análise do novo Coringa do cinema, que resolvi traduzir e adaptar livremente, acrescentando algumas de minhas próprias impressões no processo:

Um detalhe que chama atenção logo de início, pra quem conhece algumas das inúmeras versões que o vilão teve nos quadrinhos, cinema e TV, é que ele mistura muitos elementos de algumas delas. Vejamos alguns destes elementos

Luvas Púrpuras

Na maioria das histórias em quadrinhos de meados dos anos 90 o Coringa usava um par de luvas púrpuras, que ele parou de usar de uns tempos pra cá, dada a sua natureza instável, e seu estado de constante reinvenção mental e visual.

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Coringa em “A Piada Mortal” por Brian Bolland

O Cabelo

Quando comparado à versão do vilão interpretada por Heath Ledger, esta de Jared Leto se destaca pelo tom verde mais brilhante, que se assemelha mais ao da versão de Jack Nicholson, e por ser todo lambido para trás com gel. Mas talvez o que mais chama atenção seja a forma como Leto posou com as mãos nos cabelos, emulando um famoso quadrinho do clássico A Piada Mortal, de Alan Moore e Brian Bolland, justamente a cena em que ocorre a primeira transformação física do Coringa.

As tatuagens

Sem dúvida o que mais chamou a atenção de quem está acostumado com as versões anteriores do personagem no cinema e na TV foram as tatuagens. Elas oferecem um bocado de iconografia ligada ao Coringa que merece uma análise mais minuciosa:

Pra começar, temos tatuagens de cartas de baralho, quatro pra ser mais exato, com a quinta sendo representada pela caveira com um gorro de bobo da corte, que é uma das mais populares da cultura pop.

A palavra “Damaged” (“danificado” em tradução livre) na testa parece uma referência às tatuagens que o assassino Charles Manson tem no rosto.

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Coringa em “Asilo Arkham” por Dave McKean

Já sobre as tatuagens de risadas, uma delas evoca as fontes usadas em Asilo Arkham (da dupla Grant Morrison e Dave McKean), enquanto as outras lembram as da graphic novel Coringa de Brian Azzarello e Lee Bermejo.

coringa brian azzarello lee bermejo panini comicsQuanto as tatuagens de bocas, a do antebraço direito lembra o sorriso do Coringa desenhado por Jock, enquanto a da mão esquerda, apesar de pouco visível, se parece um pouco com a arte de Bermejo, cuja versão do vilão foi inspirada no Coringa de Heath Ledger.

Não dá pra dizer muito sobre algumas das tatuagens parcialmente visíveis, como a do bíceps esquerdo, que parece as asas de um pássaro, mas que também pode ser a calda de um peixe (o peixe risonho, talvez). Uma terceira interpretação, caso sejam asas, é de que seja alguma referência a um Robin morto pelo vilão (pra quem não sabe, Robin é uma raça de pássaro, e o Coringa matou o 2º Robin, Jason Todd, nos quadrinhos). A da barriga pode ser a palavra “Joker” escrita com fontes bem estilizadas, mas não dá pra dizer com certeza. E o mesmo vale para as palavras tatuadas nas costas, que terminam com o que pode ser um “O’S” ou “OS”, e a outra com LY, talvez a palavra “only”.

Ainda há um “J” no rosto que parece a tatuagem de uma lágrima escorrendo. E também podemos ver o que parecem tatuagens de rachaduras ao redor dos olhos.

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Coringa em “Endgame” por Greg Capullo

O sorriso

Este Coringa tem um sorriso menos irregular que suas versões mais recentes nos quadrinhos, e bem mais parecido com o de uma carta Coringa, além do uso de batom, algo que o personagem já apareceu passando nos lábios diversas vezes nos quadrinhos (com mais destaque em O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller). No caso dos dentes, eles parecem cobertos por uma camada de metal, mas também podem ser próteses dentárias que ele colocou (talvez depois de perdê-los num confronto com o Batman?).

A pele

A palidez de sua pele sugere que ela foi descorada, supostamente pelo acidente químico ocorrido em sua origem conforme revelada em A Piada Mortal, que foi recentemente recontada no arco Ano Zero, de Scott Snyder e Greg Capullo, sem grandes alterações relativas ao que o levou a ficar assim (mais sobre isto nesta resenha).

Pensamentos dispersos

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Coringa em “Descanse em Paz” por Tony Daniel

As tatuagens, os dentes de metal, o anel, toda combinação destes elementos visuais tornaram o vilão um estereótipo de “gangsta”. O que não combina muito com um personagem cuja insanidade não permitiria que ele construísse uma carreira no crime organizado.

Mas seus olhos arregalados e de olhar selvagem lembram tanto o Coringa de A Piada Mortal quanto a versão mais recente desenhada por Greg Capullo.

E cabe lembrar aqui que, em sua passagem de sete anos pelos três títulos do Batman que escreveu, Grant Morrison estabeleceu o Coringa como um criminoso cuja insanidade o permitiu reinventar-se, tanto mental quanto visualmente, sempre procurando adaptar-se aos novos tempos, semelhante ao Batman, que também passou por várias reinvenções desde sua criação.

Talvez a ideia por trás deste novo Coringa seja justamente referir-se à natureza multifacetada do vilão. Ou a Warner quer simplesmente agradar a geração atual, usando mais referências que elas reconheçam:

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